OBJETIVO 2 | Contribuir para a ampliação de ofertas e efetividade das ações voltadas ao desenvolvimento sustentável de São Miguel Paulista empreendidas pelo Estado, iniciativa privada e outras organizações da sociedade civil
Educação e mobilização configuradas como práticas políticas para o direito à cidade no Fórum de Moradores do Jardim Lapenna O Fórum de Moradores do Jardim Lapenna é um espaço vivo e em constante transformação, assim como o território no qual está inserido. O bairro do Jardim Lapenna está localizado entre a linha do trem da CPTM e um terreno público onde há uma unidade de tratamento de efluentes da Sabesp, à margem do Rio Tietê. Parte desse terreno foi ocupada pela população local. Uma das questões centrais dessa ocupação diz respeito aos riscos ambientais associados às características topográficas do local, como a grande incidência de inundações.
Em um cenário de grande complexidade social, o Fórum busca um caminho que contemple letramento político, organização comunitária e educação. De espaço de discussão comunitária a espaço educativo, o Fórum de Moradores do Jardim Lapenna dialoga com a comunidade, com o poder público e parceiros, com o ativo de conhecimento existente na cidade, mas, acima de tudo, busca alinhar esses atores de modo a tentar organizar as demandas em processos que encontrem conexões e possam ser resolvidos de forma sistêmica.
Como avançar para além das soluções imediatistas, os “eleitoralismos” interesseiros de eficácia provisória para a busca de uma política genuína de remédios estruturais e duradouros? Essa é a pergunta que a equipe da Fundação Tide Setubal passou a responder com suas ações em meio à relação e percepção de qual comunidade é essa, ou quais comunidades são essas, com que se relaciona ao longo desses dez anos, concomitantemente ao trabalho de aproximação da gestão pública local e outros atores com potência e poder transformador.
Nesse enredo estratégico, em 2015, a Fundação, no papel de animação educativa no Fórum de Moradores do Jardim Lapenna, integrou jovens do Projeto Intermídia Cidadã, de comunicação comunitária, com as reflexões do projeto das crianças do Jardim Lapenna no projeto Pontinhos de Cidade. O encontro entre esses dois grupos gera, ainda que de forma embrionária, atividades de educação integradas às questões comunitárias e aos desafios do seu ambiente. Além do engajamento com a questão educativa, os jovens do Intermídia Cidadã, parceria da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e do Trabalho com a Fundação Tide Setubal, também contribuem com a comunicação e divulgação das ações do Fórum de Moradores.
O Fórum iniciou, também, um trabalho com parceiros que acrescentam um ativo de conhecimento para resolução de questões de infraestrutura. Uma dessas experiências é o Projeto ZL Vórtice, que propõe uma integração com outros bairros da Várzea do Tietê e com universidades, órgãos públicos do meio ambiente, habitação e infraestrutura, um forte aliado na mobilização das comunidades que integram o Jardim Lapenna com outros três bairros em condições e desafios semelhantes: União de Vila Nova, Jardim Romano e Jardim Helena. Além do rico compartilhamento de experiências, esse projeto ampliou o leque de atores articulados ao Fórum de Moradores e ofertou oficinas que perpassaram algumas demandas urbanísticas do território.
Uma delas abordou a criação de Sensores Ambientais, capazes de identificar a possibilidade de inundações, realizada pela Gestão de Informação da PUC em parceria com o MIT e jovens ex-participantes do Projeto Intermídia Cidadã. Em outro momento, a artista plástica e arte-educadora Regina Silveira (parceira do projeto ZL Vórtice) propôs um projeto de intervenção artística na calçada do entorno do Galpão com objetivo de utilizar recursos locais para pequenas intervenções urbanas. Entre os parceiros locais, a UBS Jardim Lapenna também tem protagonizado importantes ações educativas, considerando o meio ambiente como questão de saúde.
Essas ações contribuíram para que a comunidade começasse a perceber que o Fórum de Moradores também é um espaço de troca de saberes e aprendizado. Ao mesmo tempo, as pessoas que participam desse espaço comunitário para discutir as questões do lugar onde vivem também se alimentam de informações e se fortalecem para continuar na luta. Em 2015, podemos citar como um grande avanço o fato de contarmos com maior participação de instituições locais no processo de organização dos Ajuntórios, reuniões preparatórias para as plenárias do Fórum de Moradores, e das próprias plenárias do Fórum de Moradores.
Internamente, o Fórum, no fim de 2015, também passou a contar com uma maior integração dos diferentes núcleos da Fundação Tide Setubal, principalmente a partir da percepção do potencial do Fórum para as estratégias voltadas para um território educador e para implementação da proposta Praça dos Sonhos, construção de um projeto de praça para um espaço subutilizado do território, envolvendo diversos moradores, voluntários, lideranças e agentes públicos locais, fortalecendo a agenda de ações.
Esse envolvimento de outras instituições locais e dos demais núcleos da Fundação Tide Setubal trouxe ao Fórum de Moradores uma potência, legitimando-o como um espaço de articulação comunitária que pretende tirar o Jardim Lapenna da invisibilidade junto ao poder público, situação comumente vivida pelos bairros periféricos, principalmente na Várzea do Tietê, na região metropolitana, em áreas limítrofes entre municípios. É importante salientar que todo processo participativo e mobilizador tem também seus entraves, pois é coletivo, precisa efetivamente do envolvimento de todos e do conhecimento necessário para entender os caminhos a serem percorridos.
Lições aprendidas
O caminho é longo. Há necessidade de continuar a trabalhar político-pedagogicamente para a comunidade conhecer e reconhecer o poder que tem em cada lugar do território e na cidade. Essa percepção é produto de um exercício, considerando como pressuposto um olhar sistêmico para o todo. É fundamental caminhar com essas considerações elementares, as quais compõem uma dimensão orgânica, sem elas não há como construir uma plataforma que prevê uma educação comunitária para uma nova dinâmica de urbanização dessa localidade, com inovação tecnológica, ambiental e social, concomitantemente à produção e garantia de direitos e às conquistas sociais dos últimos anos.
Atores envolvidos diretamente no Fórum de Moradores do Jardim Lapenna